segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Crônica de uma operação mal planejada

2007 foi um ano formidável. Participei de 4 IPO's bem sucedidos (LOGN3, RDCD3, BOVH3 e BMEF3), tive várias outras operações muito bem feitas, daquelas de dar orgulho a qualquer um. Então, para fechar o ano com chave de ouro, nada melhor que... ... ahn, bem, na verdade, acabei fechando o ano com uma daquelas boas lições. As Lojas Renner anunciaram que as vendas de fim de ano estavam abaixo do que eles haviam imaginado. Com isto, seus papéis na bolsa de valores, LREN3, despencaram mais de 20%. Na sexta feira, 07/12, o papel havia fechado em 45,50. Na terça-feira, 11/12, fiz uma análise do papel aqui mesmo no blog e vi que apesar dos dois dias de forte queda, o papel ainda se encontrava em uma tendência primária de alta, cotado a 40,50. Nesta análise, identifiquei que a tendência de alta tinha um suporte em 37,70. No dia seguinte, não é que o papel foi buscar seu suporte? No início da tarde o papel chegou a incríveis 37,31 e depois reagiu, mantendo-se acima dos 37,70. Foi neste momento que eu cometi meu primeiro erro. Pensei: "já que o papel caiu, mas depois recuperou sua tendência de alta, ACHO que daqui não cai mais". E fui às compras. Neste dia o papel fechou em 37,80. Abaixo do meu valor de compra, mas acima do suporte. Esperei pacientemente até o dia seguinte para poder cometer meu segundo erro: ao invés de colocar uma ordem de stop, fiquei só torcendo para subir. Confesso que por um instante até pensei aquela célebre frase tão utilizada por aqueles que estão em uma barca furada: "Agora vai!". E ela foi. Foi até uma mínima de 36,10 e eu permanecendo inerte, sem tomar nenhuma decisão, simplesmente torcendo. Até que o saldo do dia nem foi tão ruim assim, já que o papel conseguiu subir novamente e fechar ainda próximo de seu suporte, cotado em 37,75. Na manhã seguinte, o papel abriu cotado a 38,40. "É agora!!", "Quem não entrou, não entra mais!!". Depois do sentimento de culpa do dia anterior, nada como começar o dia com uma falsa ilusão sem a proteção do bendito stop. O fechamento do dia? 37,20. Já mais distante do suporte, mas acima dos meus 3% de tolerância de perdas. Mais um dia e agora estamos em 17/12. Aqui eu prefiro nem comentar muito. O valor de fechamento contará toda a história: 34,50. E vocês acham que eu vendi? Nesta hora eu já entrei na fase em que mudamos a estratégia conforme o sabor do vento, o que podemos considerar como meu terceiro erro. Pensei: "Este papel é promissor para o longo prazo. Não vou vendê-lo agora, já que no futuro ele trará os resultados que eu espero.". Tive mais alguns dias de agonia, com o papel chegando até 32,78. Finalmente chegamos na última semana do ano. Período em que olhamos para trás e fazemos uma avaliação de tudo o que passou. Olhei para minha planilha de controle e LREN3 saltava diante dos meus olhos. Como é que 10% de prejuízo conseguem ofuscar os 50% de lucro de uma outra operação com montante semelhante? Pois resolvi antecipar as resoluções de ano novo e criei uma resolução específica para o fim de ano: Estava determinado a não comemorar o ano novo com o papel velho. Pois na sexta-feira, 28/12, finalmente tomei coragem e coloquei minha ordem de stop. O papel havia subido até 37,30, mas eu não pude acompanhar o pregão pela manhã. Quando vi depois do almoço, o dito cujo estava cotado a 36,00. Finalmente tomei a decisão que deveria ter tomado há duas semanas atrás: colocar a bendita ordem de stop. Saí da operação com um prejuízo de 6% e claro que o destino ainda me reservava uma surpresa: O papel caiu até minha ordem só para eu poder me desfazer das ações e em seguida voltou a subir. Só para me matar de raiva! Pelo menos o leilão de encerramento se encarregou de colocar o papel praticamente no meu valor de venda. Moral da História:

  1. Respeite sempre sua estratégia de investimento. Eu gosto de operar no curto prazo e com uma baixa tolerância a perdas (entre 2 e 3%), portanto deveria ter vendido o papel assim que este limite foi atingido. Desta forma, eu poderia ter comprado novamente o papel em um nível muito inferior ao meu valor de venda. Se você opera num prazo mais longo, respeite sua estratégia. Seu caso seria diferente do meu: segure o papel, mesmo com estas quedas momentâneas. Seu horizonte é longo, não são duas semanas de quedas que deverão fazer você mudar a estratégia.
  2. Para quem opera no curto prazo: ordens de stop são uma maravilha. Utilize sem moderação. Elas podem trazer momentos de raiva, como o que aconteceu comigo na sexta-feira. Mas na maioria das vezes elas são uma beleza!
  3. Aguarde os sinais claros de sua estratégia para realizar uma operação. Para quem opera em curto prazo, aguarde uma reversão nos candlesticks. Para quem opera em longo prazo, aguarde sinais positivos nos balanços trimestrais. Se você utiliza outros indicadores, aguarde até que eles indiquem o melhor momento para a operação.
  4. Torcer não vai alterar a tendência de um papel. Não adianta passar o dia inteiro entoando mantras com as frases "agora vai", "é agora", "quem não entrou, não entra mais", "vai disparar".
  5. Mudanças de estratégias são possíveis, mas desde que devidamente planejadas. Não é uma operação bem ou mal sucedida que deverá mudar sua estratégia. Muito menos se ela ainda estiver no meio do caminho.

Finalmente, um ótimo 2008 a todos!

3 comentários:

Anônimo disse...

Vinicius, realmente para quem gosta de operar no curto prazo, ordem stop é fundamental.

Aprendi isso no decorrer do ano devido alguns trades mal planejados e lendo diversos livros, principalmente de autoria de Alexander Elder.

Vinicius Ronconi disse...

Lucio,

Eu também já tinha aprendido isso a duras penas. Mas voltei a dar bobeira.

Como no fim das contas o prejuízo não foi grande, serviu como lição.

É como reler um bom livro para recordar de algumas lições. Mas eu tive que pagar pelo livro novamente. (rs)

mercadoemacao disse...

Vinicius.
Estou fazendo este comentario fora do assunto, pois não consegui achar seu email!
A pouco mais de um ano estou investindo, fiz alguns cursos em vitoria e outros em SP. Ando relativamente bem no mercado. Entretanto, me faz falta trocar ideias de novas estrategias e conceitos que encontro em livros e na internet.
Por isso gostaria de saber se voce conhece algum grupo, ou contatos de pessoas em Vitória, que possuem os mesmos interesses.

Atenciosamente;
Ricardo Abreu: ralandeiro@gmail.com