segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Artigo do Infomoney - A função dos múltiplos

Muito interessante este artigo publicado hoje no Infomoney. Normalmente utilizo o P/LPA para comparar empresas do mesmo setor e dou só uma olhada no P/VPA para verificar se existe alguma divergência muito grande. Vou passar a buscar informações também sobre o EV/EBITDA nas análises. A função dos múltiplos Por: Catarina Pedrosa Ouvimos sempre os especialistas falarem que tal ação está mais barata do que outra. Mais barata é sempre relativo. Depende dos termos a que nos referimos. O preço de uma caneta pode ser menor do que da outra, mas se a mais barata for uma BIC e a outra a Montblanc, não necessariamente a comparação é verdadeira. Para ações fica ainda mais difícil essa comparação já que o preço de uma ação é apenas o preço de um pedaço de um negócio que pode ter os mais diversos tamanhos. Por isso que comparamos empresas por múltiplos. Multiplicar é somar tantas vezes quanto for o múltiplo. Portanto, quando comparamos múltiplos de uma empresa, ação, investimento, comparamos o número de vezes que algo acontece. Os múltiplos mais conhecidos são: Preço/Lucro, Valor da Empresa/Geração Operacional e Preço/Patrimônio. Existem muitos outros, mais apropriados, para certas indústrias do que para outras. Exemplo disso é o Preço/Reservas utilizado pela indústria petroleira ou de mineração, mas que não faz nenhum sentido na avaliação de empresas de varejo que utilizam muito o Preço/Vendas. Vamos explorar um pouco mais o Preço/Lucro, muito utilizado por nós Brasileiros no passado e que foi dando espaço para o Valor da Empresa/Geração Operacional (EV/EBITDA) com a entrada dos investidores estrangeiros no país. O Preço/Lucro, ou simplesmente P/L, significa quantas vezes o preço da ação é maior que o lucro por ação. Ou seja, quantos lucros é preciso para se chegar no preço. Como o lucro é uma medida anual, então o P/L é o número de anos de um mesmo lucro necessário para pagar o investimento. É importante notar que o P/L de uma ação em um ano é diferente do P/L da mesma ação para o outro ano. Isso ocorre porque os lucros variam de um ano para o outro. E quanto menor for tal índice, normalmente melhor (expectativa de lucros crescentes). Os P/Ls brasileiros costumam ser mais baixos do que os obtidos em países desenvolvidos. Isso é lógico já que o investidor está propenso a pagar menos por um investimento em um país emergente, em função dos riscos envolvidos, do que em um país desenvolvido. Mas temos que lembrar outro fator. A taxa de juros aqui é mais alta do que em países desenvolvidos. Portanto, o investimento em ação compete com a renda fixa que tem um risco muito menor. Um simples exemplo é a caderneta de poupança, tida como investimento sem risco, e com rendimento de 6% a.a., demora 16 anos para retornar o investimento. O Valor da Empresa/Geração Operacional, ou EV/EBITDA (Enterprise Value/Earnings Before Interest, Tax, Depreciation and Amortization - Valor da Empresa/ Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) mede o número de anos que a geração apenas operacional da empresa leva para retornar o valor total da empresa. Ou seja, comprando todas as ações de uma empresa estaremos também assumindo sua dívida. Portanto o Valor da Empresa é a soma do Valor de Mercado (compra de todas as ações) com a sua Dívida Líquida. Esse múltiplo ganhou força depois com o aumento de investidores estrangeiros no Brasil por permitir a comparabilidade de empresas em vários países do mundo. Ele retira do cálculo fatores que estão muito ligados a característica de cada país. Os impostos são diferentes em cada país, não só a alíquota, mas a forma de calculo. Os juros também. Como dissemos, os países tem juros diferentes, especialmente quando comparamos emergentes com desenvolvidos. A medida P/VPA (Preço da Ação/Valor Patrimonial) mede o número de vezes que estamos pagando pelo patrimônio de uma empresa. Ele por si só normalmente não significa muito. Fornece apenas uma indicação se vale a pena uma investigação maior ou não. Uma empresa que tem VPA de R$ 1,00, mas que sua ação é negociada a R$ 0,20 pode parecer uma pechincha. O que pode ser uma mentira se a empresa vem dando tanto prejuízo que corre o risco de ter um patrimônio negativo no futuro. Catarina Pedrosa é chefe do departamento de análise para a América Latina do Grupo Banif e escreve mensalmente na InfoMoney, às segundas-feiras.

Um comentário:

Anônimo disse...

Interessante mesmo. Valeu a leitura ;) abraço